
A Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ESMA) publicou a primeira edição de 2023 do seu Relatório sobre “Tendências, Riscos e Vulnerabilidades” (TRV), no qual qualifica como muito elevado o nível de risco enfrentado pelos participantes nos mercados de valores mobiliários e na gestão de activos, com ênfase para os riscos de contágio, operacional, e de liquidez, e alerta para eventuais novas correções dos mercados.
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O risco de crédito mantém-se elevado e prevê-se que aumente, reflectindo as crescentes preocupações com o endividamento público e empresarial. Os riscos para as infraestruturas e para os consumidores mantêm-se elevados, embora agora com perspectivas de agravamento, enquanto os riscos ambientais se mantêm elevados.
A maior parte dos riscos enfrentados pelos investidores em 2023 – alta inflação, desaceleração económica, estreitamento global das condições financeiras – corresponde a temas que já nos acompanhavam no segundo semestre do ano anterior.
É de realçar que o financiamento através do mercado de capitais diminuiu acentuadamente em 2022, tornando-se negativo pela primeira vez desde o stress originado pela pandemia Covid-19 no início de 2020. A queda na actividade parece estar ligada à elevada incerteza nos investimentos, níveis de dívida muito elevados e um rápido aumento do custo global do financiamento externo na área do euro.
Já no que respeita ao financiamento sustentável, as “promessas” net-zero encontram-se sob escrutínio cada vez mais intenso, e, num contexto mais amplo, o foco no greenwashing tem aumentado, com os investidores a diferenciar cada vez mais os produtos com base nas suas credenciais de sustentabilidade, conforme reflectido nos fluxos líquidos constantes para os fundos do Artigo 9 da SFDR; sem prejuízo, os mercados ESG deverão continuar a crescer, já que essa tendência mostra resiliência a desenvolvimentos de mercado mais amplos.